sexta-feira, 24 de julho de 2009

A várzea do avião


Esta placa é tão interessante que achei que ela merecia um post especial, só pra ela.

Na estrada Ubatuba - Cunha, após passar Catuçaba, uns 5 km antes de Cunha.

Fotos Guaratinguetá-SP a Pouso Alto - MG


Depois de uma noite bem dormida em Guaratinguetá, em local adequado... pegamos a Dutra e, alguns km à frente, a estrada pra Cruzeiro. Interessante que, como em outras rodovias de São Paulo, a rodovia acabou de repente, logo antes de entrar em Cruzeiro.
Havíamos passado batido a via de acesso. Tivemos que fazer a maior manobra pra retornar e pegar o caminho certo...



Depois de passar Cruzeiro, rumo a Passa Quatro, em Minas Gerais. À frente de nós, a Serra da Mantiqueira, divisa de estados. Não dava pra imaginar como lá, em cima da serra, estaria tão frio...






E nós, na divisa dos estados, batendo os queixos...







Depois de passar Passa Quatro (até agora eu ainda não descobri o porquê deste nome... só sei que perto de Bocaina de Minas tem uma cidade chamada Passa Vinte...), e Itanhandu, chegamos em Pouso Alto. Ali, logo após a cidade, uma boa surpresa: o primeiro marco da Estrada Real que vimos em nosso passeio.




Estes marcos contém todos uma placa indicativa da cidade, sua localização topográfica exata, telefone de emergência e uma frase que tenta captar a importância histórica do lugar. Nesta placa constava: "Nas manhãs frias, ouve-se a seriema a cantar. Sente-se que um novo dia está a raiar, é Pouso Alto que acorda: lenta, bonita, mineira".
Pena que vimos alguns marcos em que as placas haviam sido arrancadas. Realmente uma pena! Tanto esforço pra resgatar um pedacinho da história e alguém em poucos momentos destrói tudo...




Aqui, um detalhe da parte de cima do marco.
Vou tentar conseguir, com o Instituto Estrada Real, todos os textos que constam dos marcos. Se conseguir conto pra vocês.





E, após uns momentos na estrada,...
...vamos em frente!...

Ainda queremos dar uma passada em São Lourenço e Caxambu, antes de dormirmos em São Thomé das Letras...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Fotos Ubatuba a Guaratinguetá


No alto da Serra do Mar, saímos da Oswaldo Cruz e pegamos a estradinha de terra, no Núcleo Santa Virgínia do Parque da Serra do Mar, numa estradinha bastante precária. Mais 15 km, saímos do Núcleo e chegamos a Catuçaba. Daí em frente seriam mais 90 km de estrada mais precária ainda... buracos, areião...
Comentário do Tiago: cara, foi bom demais!!!



Bem que o Mike tinha falado que tinha muitas coisas históricas pra ver nesta estradinha: achamos um casarão muito bonito, sede de uma fazenda do tempo do império. A Casa Grande...
Ao lado, um moinho, construído em barro, com paredes desmoronando. Cuidando da fazenda, o Alessandro, que morou na minha cidade natal, Wenceslau Braz.



A Senzala, toda feita de barro. Nota-se que a parte do meio já ruiu. Infelizmente o dono atual da fazenda não investe na sua conservação. Fiquei pensando em quanto sofrimento, quanta frustração e raiva acontecia nestes lugares, com pessoas condenadas a viver toda a vida sem liberdade, sem perspectivas, sem poder formar uma família...




No caminho de Catuçaba e Cunha, vimos paisagens muito bonitas. Esta, em especial, no fundo de um vale, nos fez parar uns bons momentos. Valeu a pena...





Placa indicativa de que em 1924, em plena revolução, pousou nesta várzea um monomotor com defeito, cujo objetivo original era bombardear o Palácio do Catete e jogar panfletos. O seu piloto se tornaria, mais tarde, o criador do Correio Aéreo Nacional...
Interessante que passamos por ali em pleno aniversário da revolução... Mas foram os mineiros e os cariocas (os vencedores), quem nos contaram a história...



Finalmente, depois de 5 horas, chegamos a Cunha...
Aqui, propriamente, começamos a seguir, o mais próximo que podíamos (e conhecíamos), o trecho original da Estrada Real.
Daqui, Guaratinguetá, Cruzeiro-SP, Passa Quatro-MG (deve ter alguma história interessante neste nome... Passamos por Passa Vinte, no RJ...), Itanhandu, São Lourenço, Caxambu...
Mas só pegaríamos a ER em estrada de terra entre Caxambu/Cruzília e São Thomé das Letras.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Fotos Ilhabela e Ubatuba

Não poderia subir a serra, em direção a Tiradentes, sem antes mostrar algumas fotos legais do litoral.


Esta aqui mostra Ilhabela. A ilha é enorme e é difícil conseguir um ponto em que a ilha inteira apareça na foto. Esta mostra o ponto mais alto da ilha.







Esta o Tiago achou o máximo: posto de gasolina para barcos. Foto batida no caminho de São Sebastião para Caraguatatuba








Pousada Ana Doce, na praia do Lázaro. Um lugar muito gostoso pra ficar, bater um papo, repousar. Vim uma vez, depois outra, depois outra...







Aquário, em Ubatuba. Boa pedida pra quem gosta de ver vida marinha. Detalhe: estudante paga meia. Professor também. (gostei desta!...)





Saindo em direção à serra (a vontade era de conhecer várias praias, mas não dava tempo...).
Este é o Saco da Ribeira (sem trocadilhos, por favor...).
Saco é o termo que usam no litoral pra baías pequenas, utilizadas como marinas naturais.









Ubatuba, vista do alto da serra, a partir de um mirante, na rodovia Oswaldo Cruz. Queríamos subir por Paraty, em direção a Cunha, mas as fortes chuvas de janeiro acabaram por danificar seriamente a estrada, especialmente o trecho de 10 km não asfaltados, que passam pelo Parque da Serra do Mar. Acabamos subindo a Cunha por um caminho alternativo, de terra. Demoramos 5 horas pra rodar 120 km...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Resultado do sorteio

Jeferson:
Bom, como vocês foram 10 ao colocar os comentários, decidimos sortear dois chaveiros e não um.
O primeiro cupom e o último ganhariam. A Gisele tirou os cupons do saquinho.
O primeiro foi do... Gutto!!!
E o último foi do... Adriano!!!

Gutto, passe aqui em casa pra pegar o teu chaveiro.
Adriano, até o final do ano a gente passa aí te levar o chaveiro em mãos...
Brincadeira... vamos mandar pelo correio.
Parabéns a todos. Todos mereciam ganhar. Um abraço.

Sorteio

Jeferson:
Bom, daqui a pouco faremos o prometido sorteio do chaveiro. Um cupom por participação, fica assim: Gutto e Adriano, com 3 cupons, Nataly com 2, Mario e Indhira com 1. Quanto o Tiago chegar aqui em casa faremos o sorteio. Já retorno. Abraço.

Fotos de São Sebastião e Ilhabela

São Sebastião, vista de Ilhabela. Ilhabela foi colonizada pelos portugueses desde 1502 e frequentemente se acham restos indígenas em escavações para novas construções.
O lado da ilha que dá para o continente é bastante habitado, enquanto que o lado que dá para o mar aberto é ermo e tem as praias mais bonitas, com mar mais forte.
Ilhabela também é conhecida como a capital da vela.



O canal que separa Ilhabela é muito bonito. Entretanto sempre existe a ameça de derramento de óleo devido ao trânsito de navios para o terminal da Petrobrás, em São Sebastião, como aconteceu há uns tempos atrás.






Esta não podia faltar: a KTM do Adriano. Ele usa a moto até pra comprar pãozinho... Também, qualquer desculpa já vale pra andar nela... Até ir pra Ushuaia...






Mais dois amigos na estrada: Adriano (á esquerda) e André (à direita). Eles herdaram a pousada do avô e dá pra ver que tem muito gosto em trabalhar nela.






O visual no litoral é muito bonito. Em especial, de São Sebastião a Paraty. Praias de tirar o fôlego. O pôr-de-sol, então, é algo de babar. Vimos dois que merecem destaque. Este, aqui, em Ubatuba.

domingo, 19 de julho de 2009

Fotos no Orkut

Postei várias fotos do passeio no meu Orkut. Quando completar a postagem, serão ao todo 200 fotos comentadas. Mas já dá pra ter uma boa idéia.

Avaliação

Primeiro, o blog:
Foi divertido manter o diário da viagem no blog. Muitas vezes a gente viaja e fica frustrado por não poder compartilhar as impressões da viagem com os amigos. Ou ainda, quando chega, a clássica pergunta: daí, como foi a viagem? Como resumir semana e meia de viagem em poucos minutos? (fora que dizem que chato é aquele que quando perguntam como ele vai, ele responde...).
E tem outro detalhe: com o tempo, tudo aquilo que se viveu, se experimentou, as emoções, frustrações, vão se apagando na memória. Registrar o mais importante no blog foi muito legal. Ainda mais sabendo que tinha gente acompanhando. Várias vezes eu me pegava na estrada escrevendo mentalmente trechos do blog, conversando com vocês. Muito obrigado por vocês nos acompanharem. E mais ainda aos que postaram algum comentário. Vocês não sabem como isto foi importante pra nós. Era o nosso link pra realidade do dia-a-dia.

As motos:
A minha “mocinha” de 22 anos, a XLX 350, surpreendeu. Fez bonito em todas as estradas. E, nos mecânicos em que passávamos, todos elogiavam o modelo e a minha “canarinha”, em especial. Pela conservação, pelo bom estado. E o dono, todo orgulhoso, né?
A XTZ não fez feio. O Tiago me acompanhou bem durante todo o trajeto. Primeiro, que ele é excelente piloto - pilota motocross desde os 12 anos... Segundo, que eu procurava não passar de 100 km/h, quando as nossas motos precisavam de muitas RPM pra velocidade. Como a gente não queria desgastar muito as motos (até mesmo pra garantia de viagem), resolvemos manter o ritmo no asfalto entre confortáveis 80 e 90 km/h, especialmente no retorno de Tiradentes. E foi bom. Na terra, mantínhamos no máximo 60 ou 70, dependendo do piso. Em muitos trechos, com as famosas costelas, a gente sentia que estávamos judiando muito das magrelas e diminuíamos um pouco. Depois de um trecho de terra, com poeira, dava pra ver que a corrente secava. Quando tínhamos um trecho longo de asfalto à frente, lavávamos as correntes (fizemos isto em São Lourenço, Tiradentes e Resende) e pedíamos pra um mecânico lubrificar. Dava pra ver que as motos rendiam mais depois da lubrificação.
Apenas dois únicos reparos à XTZ: Primeiro, o espelho retrovisor direito, que insistia em afrouxar e cair. O Tiago teve que colocar, várias vezes, um calço de papel pro espelho não cair. Segundo, o vazamento constante pelo bujãozinho do óleo. Todos os mecânicos (ok, foram só dois,... um em Tiradentes e outro Resende...) que conversamos foram unânimes em falar que este é um problema recorrente na XTZ: a rosca muito fina, com a carcaça do motor também muito fina. Erro de projeto, opinam eles.
O bauleto Givi, que o pessoal da Mottai me vendeu não correspondeu à especificações. Lá dizia que era pra carregar até 3 kg a 120 km/h. Eu andei a 100/110 km/h no asfalto e a 60 km/h em pisos de terra (alguns bem difíceis) com aproximadamente três vezes mais peso que o recomendado e não tive problema nenhum. Ou seja, superou as especificações. Recomendo. Bem melhor que o mochilão que o coitado do Tiago teve que levar às costas... Bom, ele faz musculação pra isto mesmo... hahaha...
Perdas: o meu relógio digital, cronômetro, agenda, calculadora, despertador. Em alguma pousada, no caminho. Em Tiradentes disseram que não foi. Também, usar relógio com aquela jaqueta justa e quente não está entre as três mil coisas mais agradáveis da vida... Este gostou tanto de Minas que não quis voltar...

O parceiro de viagem: superou no aspecto de topar qualquer parada. Mesmo nas inúmeras paradas e retornos pra tirar uma boa foto não reclamava. Até chamava a atenção pra alguma possível foto legal. Sempre que perguntávamos, pedindo uma opinião: este ou aquele? Ele sempre falava: “Qualquer um tá bom”. Se bem que às vezes eu estava mesmo em dúvida e queria uma opinião, mas tudo bem... Poderia ser bem pior... hahaha...
O trajeto: Tínhamos um pensamento inicial e, à medida que conversávamos com que já tinha passado por lá, ou que víamos a previsão do tempo, sentávamos, considerávamos, negociávamos e, ao final, foi um ótimo roteiro.

Dirigir a carreta: Estava muito apreensivo em dirigir a carreta com duas motos, nunca havia feito isto. Mas foi muito tranquilo. Em especial nas curvas.
Cuidado apenas nas pistas ruins, com buracos, ondulações e, especialmente, lombadas. Aí, sim, a carreta pulava e, de vez em quando as motos se batiam... Aos poucos fomos aprendendo a amarrar melhor as motos e dirigir de modo que afetasse menos a carreta e as motos. Valeu, Paulo, pela carreta!

Mas o melhor da viagem foi mesmo o cuidado de Deus por nós. Sentimos claramente nesta viagem que aconteceram coisas que não foram naturais. Uma viagem GPS (Guiados Pelo Senhor), como falamos. O fato de estar passando uma frente fria, caindo o maior temporal em SP e PR, chovido a noite toda em Tiradentes, e não termos recebido nenhuma gota de chuva, enquanto de moto (a chuva poderia ser um grande problema nas estradas de terra, e complicado o passeio, em especial, em Visconde de Mauá), foi algo muito impressionante. Outro fato que me impressionou muito foi ter andado 1200 km com defeito na câmara, por lugares ermos e sem qualquer assistência, e este defeito ter se manifestado com o esvaziamento da câmara em Paraty, a 100 m do borracheiro. Por fim, termos encontrado o único eletricista da região já de noite, em Ubatuba, foi também algo fora do normal.
Por tudo isso, cantei várias vezes durante o trajeto, aquela música que o pessoal de Maringá me ensinou: “ O Senhor é bom pra mim, ao Senhor eu agradeço...” (Valeu, amigos do ECC).
A todos vocês que nos acompanharam, agradeço de novo, de coração pelas suas participações e orações. Fiquem com Deus.
Em especial ao Adriano e ao André, de Ilhabela. Ainda vou voltar aí, visitar vocês com mais tempo.
Recomendo, por fim, que você acesse meu outro site, www.sermoes.com.br, onde existem outros textos meus, entre outros. Dê uma olhada. Espero que goste.
Fique com Deus.

Fim de viagem

Está escuro. Batem à porta: “Uma e quarenta!”
Acordo sobressaltado, levanto, num pulo, sem saber onde estou.
Que pousada é esta? Onde estou?
Vou apalpando as paredes, acho um interruptor e vou vendo algumas coisas familiares...
Estou na minha casa! Hahaha...

Era o Christian me acordando, porque eu tinha prometido levá-lo às duas pra rodoviária. Era a vez dele viajar...

Também, depois de acordar na quarta às 4, viajar o dia todo, ir dormir meia-noite, acordar à 1h40 da madrugada da quinta, ninguém merece...

Volto pra cama, pra dormir até às 11 da manhã. Hoje eu mereço...

Quarta, 15 - Ubatuba a Ponta Grossa

Jeferson:
Abro os olhos. Vejo as horas no celular: 3h59. Estou ainda muito cansado, querendo dormir até meio dia. Tento me enganar e dormir mais um pouco, mas a ansiedade da viagem toma conta e depois de vinte minutos vejo que ficar deitado é só perda de tempo, pois não vou dormir mesmo.
Acordo o Tiago, que levanta logo. Ô disposição invejável...
Pegamos a estrada, com direito a algumas trocas de motorista, quando o cansaço aperta. Vantagem de andar de carro... Mas já com saudade de andar de moto.
Chove muito. Assim a saudade de andar de moto diminui... hehehe...
Paramos num posto Hudson pra completar a gasolina (acho que era saída de Caraguatatuba) e conhecemos a política de incentivo ao consumo: cada R$ 25 dava direito a concorrer a uma bicicleta e ainda dava cinco “Merrecas”. A partir de 50 Merrecas já dava pra resgatar prêmios. O mais caro, um secador de cabelos, custava 1.200 Merrecas... Merrecas! Muito criativo... hahaha...
Na subida da serra, na Régis Bittencourt, um susto: Tiago estava dirigindo, estávamos escutando uma palestra sobre música e cinema no som do carro, quando ele me alerta que a luz do combustível estava ligada: ao combustível estava na reserva. Lá fora uma placa: próximo posto a 14 km. Trecho de serra.
Ai, ai, ai... Não é possível! Eu que tinha cuidado tanto pra não ter pane seca com as motos, será que teríamos com o carro? Eu estava procurando um posto onde completar com gasolina de maior octanagem e fui deixando, e me desliguei...
No fim, acabamos encontrando um posto, sem bandeira, onde coloquei R$ 50,00. No próximo posto de bandeira eu completo, pensei, meio com medo da qualidade. Mas não é que a gasolina não era ruim? Boa surpresa. Ao contrário daquele posto de bandeira, em Guaratinguetá, que tinha gasolina ruim. Achamos um posto BR, completamos e fomos almoçar. Olhamos pra previsão do tempo. Chuva do meio do Paraná pra baixo. Sol do meio do Paraná pra cima. Deu uma vontade de fazer meia-volta e voltar...
Chegamos 16h30 em PG. Maior frio. Já estamos com saudades de Minas...
Deixei a XLX na Mottai pra trocar o óleo (me deram ela lavadinha, uma beleza... Nem parecia que ela tinha participado comigo daquela aventura toda...) e fomos pra casa. Deixei o Tiago na casa dele. Ele ainda queria ir pra Piraí ver a Nataly. (O amor é lindo...).
Coitado, não conseguiu. A neblina e o frio estavam muito fortes. Teve que ficar na casa da mãe, em Castro e adiar a visita pro dia seguinte.
Eu cheguei em casa, 10 minutos depois chegam a Gisele e o Gio de Goiânia, o Chris foi pegá-los na rodoviária, vindos de Goiânia. A Gi também reclama do frio: “Goiânia estava uma delícia!”. “Quente demais”, repara o Gio, “prefiro o frio...”. Enfim, cada um tem sua preferência. Mas é muito bom chegar em casa. Muita coisa pra contar. Um sonho realizado. Andar de moto na Estrada Real. Se vou fazer os outros dois trechos(Tiradentes-Ouro Preto e Ouro Preto-Diamantina)? Não sei. Se der certo, conseguir companhia, pode ser, no futuro. Bem mais no futuro. Em especial, ficou a vontade de conhecer o trecho Ouro Preto-Ouro Branco, que todos dizem que é muito bonito, com seus desfiladeiros.
E os sonhos de agora que estão na agenda? Na ordem: conhecer as capitais do nordeste, de carro e andar de moto em Portugal. Quando? Bom, se você quiser ir junto, vamos sentar e almoçar juntos, talvez a gente ache uma data que se encaixe. Que tal?

Terça, 14 - Paraty a Ubatuba

Jeferson:

Pois é: estamos quase no fim da nossa viagem. Descemos do Caminho do Ouro, almoçamos num restaurante indicado pelo Oscar. Acontece um lance estranho onde uma mendiga praticamente ataca o resto do meu almoço (estávamos almoçando bem próximo à rua). Não sei se era desequilibrada, se estava alcoolizada ou se era simplesmente muita fome, mesmo. Fico o resto do dia impressionado com o acontecido, meio me sentindo culpado por não ter comprado um pouco mais de comida pra ela. Mas as coisas aconteceram tão rápido que nem tive tempo de agir de forma pensada. Coitado do garçom, que não entendeu nada...

Damos uma chegada no cais do porto - linda vista - pro Tiago conhecer e nos damos conta que já são 15h. Como queremos chegar em Ubatuba ainda de dia (que escurece pelas 17h40), voltamos rápido à pousada, pegamos “os trem” (como dizem os mineirin), e caímos na estrada. Passamos por várias praias lindíssimas, com a vontade de ter mais quatro dias, no mínimo, pra conhecer. Mas não dá. Queremos chegar na quarta à noite em PG, pra poder colocar as coisas em dia.

Paramos e entramos em Itamambuca. Vários surfistas na água, alguns na praia. Dois deles nos informam que a etapa local do campeonato mundial de surf será em outubro (ainda não sabem o dia) e que no próximo final de semana acontecerá etapa do campeonato nacional. Mostro ao Tiago o Camping Itamambuca, eleito pelo Guia 4 Rodas como o melhor do Brasil, one passei uma noite com o Chris e voltamos à estrada.
Já escurecendo, chegamos a Ubatuba.

O dia reserva ainda algumas surpresas. Primeiro,porque a pousada estava fechada. Depois de algumas ligações, consegui falar com a irmã da dona, que abriu a pousada e preparou o quarto pra nós. Depois, fomos preparar o carro pra já instalar a carreta e colocar as motos nela e... ...a blazer estava com a bateria inteiramente arriada... Lembrei-me que havia deixado o alarme ligado e que já em outras vezes tinha dado conta que o alarme consome muita energia da bateria. E agora? Aonde achar um eletricista ou mesmo alguém com um cabo de bateria (o famoso cabo de chupeta) às oito horas da noite? Algumas perguntas e nos indicaram o “Aranha”, na marginal da BR. Fomos lá procurar o Aranha. Achamos a auto-elétrica. Tudo escuro. E agora? De repente, vem um cara andando, na nossa direção. Era o Aranha. Segundo ele, tinha ido ao futebol, mas não deu jogo e havia voltado e ficado no bar ao lado. “Por acaso”, disse ele, “que estou aqui”. "Nesta hora vocês não vão achar eletricista nem em Ubatuba" (estávamos na praia do Lázaro, a 10 km do centro da cidade).

Bom, depois de algum trabalho (e apesar das cervejas que ele certamente já havia tomado...), ele conseguiu fazer o carro funcionar e deixar a minha bateria funcionando. E cobrou caro pelo atendimento...
Mais uma lição: quando pedir um serviço negocie o preço antes. Pelo menos pergunte quanto vai sair...

Vamos a Ubatuba carregar a bateria, dar uma passada na Lã Rause, onde conhecemos o Felipe Teruya. Gente finíssima, que gostou muito de saber dos detalhes da nossa viagem. Mostrou ótimas fotos de Ubatuba (são 96 praias...). Trocamos Orkut. Ganhamos mais um amigo.

Aliás, foi esta a melhor coisa da viagem, conhecemos muita gente legal. Não dá realmente pra generalizar que o mundo é ruim ou é bom. Tem gente de todo o tipo e a gente tem que estar aberto pra conhecer pessoas novas, porque existem pessoas maravilhosas por aí, que tem muito a ensinar, compartilhar experiências com a gente.

Voltamos à pousada, carregamos as motos na carreta, arrumamos as tralhas e vamos dormir. Já são meia-noite e quero acordar às 4 pra pegar o trecho Ubatuba-São Sebastião/Boiçucanga, muito sinuoso e de serra, antes de começar o trânsito do dia.

Quando voltávamos de Ubatuba pra pousada, o Tiago me alerta de uma coisa: estava chovendo. E nos demos conta que andamos 1319 km de moto, sem pegar uma única gota de chuva sequer. É muita bênção! Realmente foi um passeio GPS!

Terça, 14 - Paraty II - A Estrada Real/O Caminho do Ouro

Jeferson:
Pois então, enquanto aguardávamos o conserto da câmara da XLX, deixamos a XTZ na pousada e fomos dar uma volta no centro histórico de Paraty (com y fica mais chique... eles gostam mais assim. Então, que seja...).

Paraty é uma cidade muito interessante: tem baía de águas calmas, onde se pode fazer um gostoso passeio de escuna, com direito a nadar entre muitos peixes (com sorte se vêem golfinhos caçando), tem o centro histórico, com suas calçadas de pedras irregulares (pé-de-moleque), tem belas praias próximas, bons pontos de mergulho para quem gosta e, na serra, o começo da Estrada Real. Aqui existe um trecho dela que foi descoberto em 1993, inteiramente coberto pela mata fechada, de 2,5 km, a que deram o nome de Caminho do Ouro. Falo mais dele à frente.
Aproveitamos pra conhecer a igreja dos negros, que eu ainda não conhecia das passadas anteriores (já estive aqui antes três vezes e pretendo voltar mais) e achei muito interessante. Só pra registrar, Paraty tem quatro igrejas católicas no centro histórico: a matriz, que era dos brancos, a igreja das mulheres (dedicada a N. Sa.das Dores), a igreja dos mulatos (que eram livres) e a dos negros. A atendente nos informa que existe, sim, um passeio guiado no Caminho do Ouro e que começa às 11h. Como já são 10h30, saio pra pegar a moto no borracheiro e o Tiago volta pra completar as compras e pegar a XTZ. Volto à pousada e saímos queimando pneus para chegar ao ponto do início do passeio - Penha, disseram - a tempo. Chegamos lá esbaforidos, às 11h05, a tempo de receber a informação do guia que irá esperar o ônibus que sai 11h15 do centro. Aprendi mais uma: é sempre bom visitar os locais dos passeios com antecedência pra checar os horários com os próprios responsáveis/organizadores.

Mas foi bom chegar antes: o guia, pessoa competente e simpatissíssima, Oscar Mendes, deu pra nós uma verdadeira aula de história de Paraty e da Estrada Real, mostrando os detalhes da criação e crescimento da cidade. E de como os maçons tiveram grande influência nisto. Quando ele soube que tínhamos feito o trecho Cunha-Tiradentes da Estrada Real ficou ainda mais motivado e o passeio ficou melhor ainda. Resumindo: aprendemos mais da Estrada Real nesta hora e meia de passeio de 2,5 km a pé do que em todo o trecho que andamos de moto...

Os R$ 20,00 que pagamos cada um foi muito bem empregado.

Como não veio ninguém no ônibus de Paraty pra fazer o percurso, subimos só nós três mesmo. Subimos um pouco mais neste mesmo ônibus (pago pelo guia) e fomos até o alto do trecho do Caminho do Ouro (descendo é bem mais fácil, né?...). Com muito gosto, Oscar foi nos dando uma dimensão da importância da Estrada Real pra região, de quanta gente (mais de milhão de meio de escravos) e quanta carga – muitas e muitas toneladas em mercadorias, ouro, diamantes – passaram por ela.

Quando o Caminho do Ouro foi redescoberto por um pesquisador, em 1993, estava totalmente tomado pela floresta da Mata Atlântica, que, por sinal, se regenerou em todos os morros da região, anteriormente ocupados pela cana-de-acúcar. Graças à decadência da Estrada, por causa das ligações ferroviárias São Paulo-Santos e São Paulo-Rio, a região caiu no esquecimento, o que foi vital para a preservação histórica da cidade. Angra dos Reis não teve a mesma sorte. A especulação imobiliária derrubou a maioria do casario colonial. O guia Oscar contou como eram montadas as caravanas de cavalos – depois mulas, trazidas da Bolívia, roubadas aos espanhóis pelos índios e vendidas aos portugueses -, como funcionavam os postos de guarda, pedras maiores onde ficavam os soldados que protegiam as passagens das trilhas. Num destes trechos, um grupo de cariocas, gaúchos e paranaenses resistiram, em 1924, aos ataques dos paulistas que queriam Paraty também como seu porto. Foi interessante este momento, porque na semana anterior os paulistas haviam comemorado o aniversário da revolução de 1924 (que eles perderam). Nenhum dos paulistas que encontramos e que estavam aproveitando o feriadão, sabia o motivo do feriado... Mas o PM mineiro, o motociclista Cleyton, na entrada de São Lourenço sabia muito bem da história e nos contou muitos detalhes... (Minas também resistiu aos avanços militares expansionistas paulistas).
Voltando ao Caminho do Ouro, foi interessante ver os diferentes trechos, com pavimentação diferente, o que mostrava que diferentes engenheiros (na época trazidos da Inglaterra e Irlanda) construíram o seu trecho com seu método próprio. Oscar nos conta que somente os trechos de maior declive foram pavimentados.

Mais à frente, encontramos Américo, ou Memérico, uma figura...

Contratado pela Associação dos Guias de Paraty, que é quem cuida da preservação do Caminho, ele faz a limpeza e manutenção da Estrada, totalmente à mão, pois desde que o trecho foi tombado pela Unesco, não se podem mais usar ali enxadas e feramentas de metal. Conta Oscar que todo o dia Memérico encontra ossos, ferraduras, e outros utensílios dos que passaram por aquela trilha. Memérico estava procurando, certo dia, um gato pra filha dele e achou um bonitinho na trilha e logo pensou em levar pra casa. E não é que o dito “gatinho” deu uma baita mordida no coitado, a ponto de perfurar o dedo? Ele ainda não sabe se era filhote de onça ou jaguatirica...

Oscar nos conta que é do Rio e que veio de lá fugindo da violência urbana. E que seu filho, que se classifica como “urbanóide”, não se adaptou à cidade menor, preferindo ficar no Rio. Ainda mais porque toca em uma banda, “Os Clodoaldos”, que já abriu um show do Gabriel Pensador. Quando contei que tinha um filho que estava indo no mesmo caminho, o papo ficou mais informal, e ao final estávamos dando boas risadas junto. Tirei ótimas fotos e fiz excelentes filmagens. Oscar me faz prometer enviar as fotos pra divulgação do Caminho, com autorização de uso. Vai ser legal poder colaborar pra preservação e divulgação deste pedaço da nossa história.

Saindo da Penha, fomos conhecer o Poço do Tarzã e a Canhoeira do Tobogã, onde o pessoal escorrega (sentado) e surfa (em pé) na pedra. Não estivesse tão frio e nós com tão pouco tempo, teríamos tentado a brincadeira.

Subimos com as motos pra tentar uma boa foto de Paraty, do alto da serra, e talvez chegar até Cunha. Mas uma corrente com um cadeado nos interompeu. O guarda municipal Freitas nos explicou que com as fortes chuvas de janeiro muitos trechos da rodovia Paraty-Cunha (o primeiro trecho da Estrada Real) foram interditados por conta dos deslizamentos e agora ela só está liberada (pra quem quiser tentar passar), das 18h às 8 da manhã. O guia Oscar tinha nos mostrado um pedaço do morro oposto, onde choveu numa única noite, o que normalmente chovia no mês de janeiro inteiro. De repente, um grande trecho da encosta veio abaixo, com árvores, terra, pedras e tudo. Verdadeira avalanche... Tiramos a melhor foto que podíamos de Paraty, lá do alto, e descemos.

Saímos de lá com um monte de datas, nomes, locais e acontecimentos. O Oscar nos falou que existe um livro que conta esta história de Paraty/Estrada Real, à venda na Casa dos Bonecos (ou fantoches?). Desta vez esquecemos, mas da próxima, passarei lá pra comprar o livro.

Fotos do Caminho do Ouro (com outras fotos de nosso passeio) estão disponíveis no meu Orkut. Procure por Jeferson Quimelli.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Localidades do trecho percorrido

Jeferson:
Para aqueles que gostam de olhar no mapa (ou mesmo o Google maps), aí vai o trecho que percorremos de moto:
Ubatuba (SP) - Catuçaba (não tem no mapa...) - Cunha - Guaratinguetá - Cruzeiro - Passa Quatro (MG) - Itanhandu - Pouso Alto - São Lourenço - Soledade de Minas - Caxambu - São Tomé das Letras - Cruzília - Minduri - Carrancas - Itutinga - São João del Rei - Tiradentes - Madre de Minas - São Vicente de Minas - Andrelândia - Arantina - Liberdade - Bocaina de Minas - Visconde de Mauá (RJ) - Penedo - Resende - Barra Mansa - Getulândia - Rio Claro - Lídice - Frade - Mancucaba - Tarituba - Paraty - Ubatuba.
1319 km em 8 dias.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Terça, 14 de julho - Parati - I

Impressionante o quanto o cansaço, o frio, a fome e um pneu furado tiram o bom humor da gente.
Mas depois de um bom banho quente, um bom lanche e uma boa noite de sono, o bom humor volta.
Aliás, o chuveiro a gás da Pousada Refron du Mar é ótimo! (Mas em termos de colchão, o da Pousada Perequê continua melhor... Além de achar útil demais o móvel de madeira que tinha no banheiro pra colocar a roupa, quando íamos tomar banho. Simples, mas muito prático. Isto não vimos em nenhuma outra... Você também não fica com raiva de não ter onde colocar a roupa quando vai tomar banho e tem que deixar o chão?)

Ontem, quando escolhíamos a pousada, minha intenção era ficar na do lado, mas a senhora que morava lá e me hospedou em novembro a tinha alugado e agora o nome era Hostel Geko.
- R$ 80,00 o quarto privativo e R$ 25,00 por pessoa no quarto coletivo. Curiosos, fomo conhecer o coletivo. Lá já estavam um de "Germany" e uma moça de Checo-Eslováquia. Tiago não gostou nem um pouco da idéia de compartilhar quarto com desconhecidos e fomos pra pousada ao lado.

Ainda ontem, segunda, aconteceram duas coisas que me esqueci de comentar:
Enquanto descíamos a serra do mar, em direção à estrada Rio-Santos (aliás, uma estrada sinuosa, deliciosa de pilotar), vi dois garotos empinando pipa, à beira da estrada.
-Será que tem cerol?
Instintivamente me inclinei pra frente, baixando a cabeça...
Me lembrei que eu tinha prometido pro Giovani que iria colocar uma haste corta-cerol na moto ainda não pus. Vou fazer isto quando voltar a PG.
(Acho que é porque lembra a moto de moto-boy... Mas que é importante, é...)
[O Tiago acabou de me falar que pensou a mesma coisa...]

Outra: quando já estava na Rio-Santos, vi um passarinho voando na minha direção e depois só vi ele batendo na moto e pulando pro lado, pro chão. Não senti nada: deve ter batido ou na roda ou no amortecedor. Já atropelei passarinho de carro, mas de moto, nunca. Como que ele conseguiu entrar bem na frente da roda da moto, que é relativamente fina, é muito azar dele...

Me lembrei, hoje, do Adriano falando da importância da escolha do parceiro de viagem. Tem que ser pessoas que se acertem. Depois que se está na estrada, tem que se ter muita tolerância mútua com os "defeitos" do outro. Com o tempo, as virtudes viram meras características, as características viram defeitos e os defeitos ficam insuportáveis.
Por exemplo: não agüento mais o Tiago falando, cada vez que vê uma paisagem bonita, um lugar legal:
- Tenho que trazer a Nataly aqui... Preciso trazer minha mãe e o Pituca pra conhecer Maringá, Marombas, Mauá, estas cachoeiras... Cara, gostei demais de Penedo! Preciso trazer a minha mãe pra cá...
Acho que é banzo (saudade de casa...) pegando... hahaha...

Conversei um bocado com a Penha, da família dos proprietários da Pousada Refron du Mar. Eles são do Espírito Santo e estão apostando em uma nova área de atividade. Ela está quase se aposentando como funcionária pública, e seu filho com turismo. Daí, resolveram montar a pousada em Parati. E acho que vão se dar bem, porque a Praia do Pontal, onde estão está se revitalizando.

Bom, como já está tarde e o dia começa cedo amanhã, amanhã à noite eu conto o resto do passeio de hoje, em Parati. Que foi muito bom. E teve mais surpresas à noite.

Agradecemos aos nossos novos amigos que fizemos na estrada. Ainda mais por você colocarem comentários. Continuem postando.
Ou se quiserem, podem enviar e1/2 para
jefersonq@yahoo.com.br ou
jamesriver-vet@hotmail.com.

Só não mandem correntes, spam e anexos enormes, porque a gente bloqueia mesmo, tá? hehe..

E não é que não era prego?...

Nove horas e o borracheiro ainda não tinha chegado.
Quando ele desmontou a roda, veio o susto:
-Olha, seu Jeferson, não é furo de prego, não! A câmara foi é mordida pelo pneu e chegou numa hora ela furou...
- Quem montou o pneu novo na roda de trás deve ter deixado a câmara mal estendida ou ela enroscou neste protetor que mantém o pneu na posição quando ele se esvazia.... (!!!)

E agora? Que dizer deste problema "congênito" que esperou 1200 km pra ocorrer quando eu estava a 100 m de um borracheiro?
Faça seus comentários.
É GPS ou não?

De quebra, fiz mais um amigo na estrada. Clemeci, o borracheiro.
Ele é de Cachoeira de Macacu, está longe da família e é da igreja Ebenézer.
Garoto de fé. Disse que o pastor adventista fica sempre pegando no pé dele pra ele dar mais atenção aos mandamentos de Deus e disse que sabe que o pastor está certo.
Falou que as pessoas nas igrejas são como as pessoas no tempo de Noé. Escutam, até concordam, mas não entram na Arca. Pneu remendado e um sermão de graça... ou de Graça?

Quando cheguei pegar a moto, 11h, o motoqueiro que estava sendo atendido por ele, falou:
- Este é o melhor borracheiro da região!
Vaí aí, então, mais uma dica. Se estiver em Parati e precisar, a borracharia dele fica em frente à igreja Assembléia de Deus, a meio caminho entre o supermercado Rosado e o centro histórico.
Com direito a um bom sermão... hehe...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Segunda-feira, 13 - Mauá a Parati

Jeferson:
Estava frio demais quando acordamos, em Mauá. Mas depois de subirmos ao Mirante, esquentamos um pouco.
Depois do café caprichado, saímos pra Penedo, passamos por Visconde de Mauá, subindo, depois descendo a serra.
De Penedo, cidade com fortes origens finlandesas e suecas, fomos pra Resende, onde resolvemos entrar pra lubrificar as correntes que estavam ressecadas por causa da poeira. Gastamos tempo demais pra achar mecânico. O sistema viário de lá é muito complicado, mas é uma cidade muito bonita. O rio que corta a cidade dá a ela um visual muito agradável. Aproveitamos pra trocar o óleo da XTZ que abaixou um pouquinho e almoçamos na lanchonete ao lado. O mecânico nos atendeu super bem, apesar de estar cheio de serviço. Ao sairmos, às 14h, soubemos que ele nem tinha almoçado, de tanto serviço...
Conversamos com o dono da lanchonete sobre nossa viagem, ele contou que é evangélico e que estava sendo muito abençoado na loja.
Bem na hora estava passando a previsão do tempo, apontando mínima de 4 graus para Curitiba. E nós ali, com uns 20 graus...
Comentei como estávamos viajando há uma semana e não tínhamos recebido nenhum pingo de chuva e ele perguntou:
- Vocês estão usando GPS pra escapar da chuva?
Eu falei:
- GPS, não. É Guiados Pelo Senhor, mesmo. [Esta saiu quase sem querer, mas refletiu bem o que estamos sentindo da viagem...] hehehe...

Em direção a Parati, via Barra Mansa, resolvemos pegar a entrada que vai pra Bananal, como sugeriu o cara que estava conversando com o mecânico.
De repente, vi um hotel pousada muito bonito e resolvi parar. Achei familiar e comentei com o Tiago que até parecia cenário de novela.
Comemos (ou tomamos, porque havia quase derretido) o açaí que tínhamos trazido da lanchonete.
Olhamos o mapa e vimos que o pequeno desvio por Bananal havia aumentado 28 km a mais no percurso bastante sinuoso [e que comeu um tempo que custou caro no final do dia, porque chegamos à noite em Parati e estava muito frio na estrada. Tanto que demorei um tempão no banho pra descongelar...]

Resolvi entrar pra pegar um prospecto do hotel pousada e fiquei impressionado com a preservação do imóvel, chão de madeira bruta, móveis antigos, tudo muito bonito e de época. Pensei: a Gi iria adorar tudo isso: ela adora móveis e lugares antigos...
Olha pra uma parede e vejo um painel escrito: Novela Sinhá Moça Globo, e um monte de fotos. Em outro painel, Novela Cabocla e outras fotos. No prospecto, contava que aquela fazenda tinha sido a sede pra gravação de 4 novelas da Globo... Tava explicado o "dejá vu"...

Seguimos no caminho: Getulância, Rio Claro (uma cidade serrana, com forte vocação turística), Lídice e começamos a descida da serra. Quatro túneis e uma paisagem de tirar o fôlego.
Chegamos à estrada Rio-Santos, entre Angra e Parati, e pegamos à direita.
Queria ter duas cabeças: uma pra olhar a estrada à frente e outra pra olhar a paisagem do mar à esquerda...
Enquanto era dia, tudo bem. Mas começou a escurecer e a esfriar muito.
Desta vez falhamos no nosso planejamento: não consegui chegar no destino de dia. De noite todos sabem que é muito mais perigoso pra andar de moto.
Achamos a pousada e fomos comprar uns lanches no supermercado.
Ao sair, andei uns 100 metros e a XLX começou a balançar de forma estranha: o pneu traseiro estava furado.
Não acredito: viajei 1200 km pro pneu furar dentro da cidade! Parece até que estão jogando pregos de propósito! Isto é coisa de má fé!...
Como já eram 20h, deixamos a XLX com o vigia da borracharia, pra ele passar o serviço pro borracheiro amanhã, às 8h da manhã.
Já me estragou a noite. É um problema pequeno, mas deixa a gente contrariado.
Não é fácil se separar da magrela, depois de uma semana andando junto.
Ainda mais, está batendo o cansaço de fim de viagem. Andamos muito nestes dois últimos dias.
O pescoço está doendo de tão tenso.
Tomara que amanhã a gente possa relaxar um pouco aqui em Parati.
Vamos dormir. Até amanhã.
Amanhã será um grande dia. Pra todos nós.

domingo, 12 de julho de 2009

Domingo, 12 de julho - Tiradentes a Visconde de Mauá (Mgá)

Jeferson:
E não é que parou de chover de manhã?
E não é que o dia começou fechado e foi abrindo, e que foi o melhor dia pra viajar?
Fresquin, fresquin...

Nos despedimos da dona Fátima e da Dona Maria Auxiliadora com uma oração e caímos na estrada. Resolvemos maneirar o ritmo, mantendo de 80 a 90, pra preservar as magrelas que tinham sofrido um bocado na ida.
Marcador mostrando 630 km rodados desde Ubatuba.
Tiago estava um pouco preocupado porque estava vazando um pouco de óleo do motor (apertamos, compramos óleo e depois, em Mauá, um mecânico deu reaperto e melhorou).
Madre de Deus de Minas, São Vicente - de Minas, Andrelância, Arantina, Liberdade e Bocaina de Minas e Mauá (Maringá e Maromba). Chegamos com mais 230 km rodados.

Ao abastecer, em Madre, o frentista demosntrou a famosa relatividade mineira:
- Dá pra pegar a BR por aqui?, pergunto.
- Dá sim. Você vai passar pelo centro da cidade, mas é rapidin, já vai cair na BR.
E eu, desconfiado:
- E tem muitas lombadas?
- Só umas duas.
Resultado: Depois de DEZ lombadas, chegamos à BR. hahaha...

Interessante foi acompanhar,por bom trecho a Ferrovia do Aço. E uma composição nos acompanhou por bom trecho. Nos encontramos em três lugares e duas fotos.

Passamos por São Vicente de Minas: Terra dos Queijos Finos, dizia o portal, me convidando. Com sentimento, recusei, acelerando.
Demos uma entrada em Andrelândia, a cidade que foi fundada em homenagem ao André, sócio do Adriano na Pousada Perequê.
Brincadeira, hehehe...
André Silveira foi o bandeirante que fundou a cidade, diz o Clodoaldo, que nos dá a dica de fotografar a cidade a partir do mirante do Cristo, da cidade. Linda vista. Gostei muito da cidade. Parece ser uma cidade muito boa pra passar a infância. Minha criança interior gostou.
No caminho, passamos pela igreja mais bonita que eu vi em Minas, de São Francisco. Pequena, mas de extremo bom gosto.

Estrada, de novo, passamos em Arantina, pegamos a BR 267, em direção a Caxambu, e saímos dela, na direção de Liberdade.
Por recomendação e por exigência extrema do estômago do Tiago, que se recusava em ir adiante, pois já eram 13h, paramos no restaurante do Gordo. Lugar simples, mas de comida muito gostosa. Recomendo.
[Aliás, as dicas que eu dei não tem nenhum patrocínio. Só contei pra todos do blog quando já estava de saída.]
Vamos em direção a Bocaina de Minas. Chegando lá, começa o trecho de terra e a beleza da serra.
Indiscutivelmente o trecho mais bonito da viagem. E quanto mais bonito, mas perdidos ficávamos.
Depois descobrimos que fizemos quase todas as voltas possíveis... hahaha...
Mas foi bom, conhecemos todos os caminhos: Vale das Flores, do Rio Preto, Mirantão, Santo Antônio, entre outros.
Achamos a Pousada da Gruta, por indicação do Edu, da Trilha Verde, mas fomos conferir a Pousada do Caminho do Escorrega.
Acabamos ficando na Pousada da Gruta.
Fomos comer uma truta grelhada, peixe que só vive em águas frias (portanto só aqui, no Brasil, e no inverno, nas serras gaúchas, segundo meu colega de trabalho, o Akamine).
Uma delícia!
Umas horinhas na lã Rause, colocando os posts em dia e vamos dormir.
Até amanhã!
Com a bênção de Deus, passaremos amanhã em Resende, Angra e dormiremos em Parati (ou Paraty, como alguns preferem).
Um abraço a todos que nos acompanham.

PS:
1. A todos: Vamos sortear entre aqueles que colocarem comentários, dois chaveiros da Estrada Real, emborrachados, muito legais, um voto por comentário. Sorteio no domingo, dia 19. Os de PG recebm pessoalmente, os de fora, por Sedex. Participem!
2. Júnior Manaus: quando chegarmos em PG, vou celebrar com um guaraná o fim da viagem com vocês, na Mottai Motos, e já deixar a magrela pra uma boa revisão, porque não posso ficar muito tempo sem ela! Se prepare...

Sábado, 11 de julho - Tiradentes

Jeferson:
Estranho acordar sem a expectativa de cair na estrada...
Mas é muito bom descansar no sábado.
Acordo às 6, e vou dar uma lida na Bíblia, comparando João 1 com I João 1, verificando como o centro dos dois está na divindade de Jesus e da importância dEle ser o centro de nossa vida. Muito interessante.

8h, café. As mesas mais bonitas e bem arrumadas de café que eu já vi. Fotografei. E merecia.
Kiwi, morango, manga, uva, todos deliciosos. O mais gostoso queijo mineiro que eu já comi. Parabéns pra dona Fátima e pra Maria Auxiliadora.

Converso com o dono da pousada, o seu Getúlio, como o pessoal que fica na praça, em frente é barulhento, tanto os bêbados, como os demais.
-O problema daqui são os cachaceiros, diz seu Getúlio, muitos deles aposentados. Mas não podemos fazer nada.
- E quando algum deles me pede dinheiro pra cachaça eu digo: Eu tô desde às cinco da manhã caçando serviço, vá caçar trabalho você também!...
Boa resposta. Anotei no caderninho mental.

Pergunto pra dona da pousada onde tem uma igreja adventista na cidade.
Ela diz:
-Aquela evangélica, né? Tem uma depois da rodoviária, depois do chafariz, do lado do restaurante Divino Sabor.
Ok.Vamos lá.
Chegando lá, o Tiago começa a rir. Não entendo.
-Olha lá, diz ele, mostrando a placa: Igreja Evangélica Assembléia de Deus...
Risadas desalentadas.

Paro uma senhora e pergunto: Sabe onde tem uma igreja adventista?
- Igreja de São João Evangelista? Não sei. Tem a do Rosário, ali...

Pergunto pro filho do zelador da Assembléia e ele diz:
- Tem uma depois do abrigo, na direção da pousada de vocês, perto da antiga Calcinfer.
Ok, obrigado! e vamos lá.

Chegamos perto, perguntamos mais uma vez a dois "conversantes", que são os mais esclarecidos até agora, que dizem:
- Não , aqui em Tiradentes não tem igreja adventista. Aquela ali é Testemunha de Jeová...

É como diz a Gi, que foi católica até os vinte anos: pra grande maioria dos católicos, os evangélicos fazem parte de uma coisa só.
Foi divertido, apesar de ficar um sentimentozinho de desalento de não ter ido à igreja.

Fomos dar uma volta nas igrejas de Tiradentes: São Francisco, a matriz, de Santo Antônio, a dos mulatos e a de N. Sa. do Rosário, dos pretos.
Explica o porteiro da igreja dos mulatos que na época cada classe tinha a sua igreja, os escravos só podiam ir na igreja deles e os mulatos (que eram livres) não podiam ir na igreja dos "bacanas". Fala de uma maneira que denota como ainda hoje ele sente o racismo disfarçado, não declarado.

Um casal repassa a informação dos guias: os escravos, enquanto trabalhavam na igreja dos bacanas, digo, dos brancos, recolhiam as raspas de ouro e passavam no pelo dos cavalos e nos cabelos. Depois, à noite, lavavam e usavam na igreja deles, que construiam à noite.
Não por acaso, senti um ambiente muito mais agradável na igreja dos pretos do que na dos brancos. Primeiro, porque aquele estilo barroco exagerado da matriz torna o ambiente até opressivo. Depois, porque aquilo que se faz com amor fica muito melhor...

De repente, olho pro relógio e dou um pulo: Faltam só 20 minutos pro nosso trem sair pra São João! Saímos correndo, deixamos a moto na pousada e embarcamos...

No caminho, conhecemos a Carolina e a Maria, sua filha adolescente.
Eu e Tiago batemos um bom papo com Carolina, paulistana que ama a sua cidade, e que já fez o Caminho de Santiago a pé (790 km...), durante quase um mês e achou ótimo.
-Sem fins esotéricos. Foi uma experiência pessoal, mesmo... Queria um tempo pra mim, pra pensar na vida e me dei este tempo. Deixei marido e filhos e fui. E valeu a pena. Foi um ótimo passeio e fiz excelentes amigos lá. Felicidades, Carolina e Ana!
Foram rápidos 35 minutos de viagem.
Visitamos algumas igrejas (São Francisco, Nossa Sra. do Pilar), outras construções do centro histórico e voltamos ao nosso trem.

Falando em trem, lembrei de uma estória de mineiro que eu espiei num livrinho, na igreja matriz:
Mineirin tava na istação cua muié e us bacurin, quando iscutou o barui. E diss:
-Muié, pega us trem, que a coisa já chegou! hahaha...

Um lanchin, um pouquin di lã rauz, e fomos pro quarto.

A maior dor de cabeça (eu tive uma real durante a tarde toda) foi decidir pra onde iríamos no domingo. A previsão era da maior chuva no Sudeste (-Mas a frente fria está indo pro oceano, diz a repórter...). Fiquei arrepiado de ver que a previsão era de 5 graus em Curitiba...
Estamos perdidos: vamos viajar com chuva..., conversamos.
Decidimos, então: em vez de descer a Visconde de Mauá, Angra e Parati, vamos descer pra Caxambu, por Madre de Deus e volta a Ubatuba, por Guaratinguetá...
Pena, mas, fazer o que? Outra vez fazemos Mauá e Parati...
O bom do Tiago é que com ele não tem tempo quente: o que der, deu, é lucro.
Mas vou dormir preocupado.

E choveu a noite toda.
Choveu muito... E eu, cada vez que acordava, e escutava a chuva, ficava mais ansioso.
Que será que aconteceu no domingo?
Homem de pouca fé, isto é que eu sou...

Sexta, 10 de julho - São Thomé a Tiradentes - II

Jeferson:
Antes de começar, quero esclarecer ao Adriano e ao Gutto que não estamos aceitando encomendas de duendes e outros itens de São Tomé. Primeiro, porque quero distância dos duendes. Segundo,porque já estamos em Visconde de Mauá, RJ (mais propriamente povoado de Maringá).

Bom, como falava ontem, saímos de Cruzília em direção a Minduri em estrada de asfalto e logo após entrarmos na cidade, já pegamos a estrada de terra em direção a Carrancas.
17 km depois, encontramos de novo a Estrada Real e, na bifurcação, a sede de uma antiga fazenda, que já foi pousada, mas hoje só é utilizada para criação de cavalos Manga Larga Marchador.
Tiaguinho já queria dar uns lances em um exemplar, mas como o bagageiro já estava cheio, desistiu.
Batemos um bom papo com o pessoal, em especial com o capataz Otto, e pé na estrada, não sem antes tirar fotos da fazenda e do marco, em frente.
Faltou uma foto: não conseguimos achar o jequitibá de 30 m de circunferência que tinha na fazenda.
Custoz dimais...

Um pouco mais à frente, o terceiro susto do dia: Um mata-burro longitudinal.
Pra quem nunca viu, em vez da posição normal, onde as barra são colocadas transversalmente à estrada, neste tipo as barras são colocadas no sentido da estrada.
[Uma semana antes, o Carlos Matozo me contava que um colega ficou muito machucado porque a roda da moto dele tinha encaixado no vão de um destes mata-burros, a roda da frente travou no buraco e ele voou para a frente e dentro do rio, machucando o pé. Por isso é que é boa a comunidade dos motociclistas - a experiência de um livra muitos outros de apuros.]
Vejam só, eu tinha logo antes acabado de alertar o Tiago de uma destas armadilhas - ele nem tinha se tocado - e agora eu estava de cara com mais uma delas e nem me tinha apercebido, pela diferença de luz (o mata-burro estava na sombra). Olha, foi mais no susto, no reflexo e uma grande ajuda do meu anjo da guarda que eu coloquei a roda no trilho. Ufa!
Recobrados, em frente!

Um calor terrível, e eu de calça grossa, suando terrivelmente.
Passamos por belas cachoeiras, mas infelizmente o tempo estava apertado para chegar em Tiradentes (e foi bom não pararmos, como contarei à frente), e chegamos em Carrancas.
Paramos, por indicação (aliás, o povo mineiro é ótimo em bem indicar) no restaurante Roda Viva e fizemos um ótimo almoço. Eu e o Tiago achamos o pessoal de Carrancas meio fechado (no trocadilhos, please) , a não ser a atendente do restaurante, muito simpática, a Indira, que nos deu ótimas dicas para um próximo passeio.
Foi muito bom colocar uma simples e comum calça jeans...
Aliás, aprendi mais uma: algumas coisas devem ser colocadas de modo a serem fácilmente acessáveis na bagagem. Entre elas, PH, roupa de chuva e... a calça jeans.

Saindo de Carrancas em direção a Itutinga, tiramos a foto que o Tiago mais gostou, na descida da serra. Dele, lógico... Pilotando, tendo a serra ao fundo.
[Infelizmente o upload das fotos - que estão todas em formato Large - está muito lento e não estou conseguindo postá-las. Fico devendo, por enquanto. Sorry.]
Depois de Itutinga, a BR 265, em direção a São João Del Rei e Tiradentes.

Saindo da lanchonete, já dentro do município de São João, a expectativa de chegar às cidades históricas.
De repente, o quarto susto do dia: a moto começou a ficar mais pesada e comecei a escutar um barulhinho cíclico: clac - clac - clac..., a cada giro da roda traseira...
Ai, ai, ai...
Logo no final de semana!
Chegando em Tiradentes, acertamos a primeira pousada que estava disponível, a do Getúlio, descarregamos "os trem" e fui atrás de um mecânico.
- Honda só em São João..., diz o motoqueiro mineirin...
Parou um outro mecânico de automóveis, em sua XL 250, com motor de XLX 350 (e não é que ficou bom?), examina a moto e decreta:
- Tua moto não tem nada! Tá ótima! Vai rodar muito ainda...
- Mas eu não tou louco, ela está fazendo um barulho estranho e, de vez em quando dá uma travadinha..., digo, quase com vergonha da minha ignorância mecânica, mas com a convicção de ter escutado algo muito estranho.
Bom, pra garantir, peço companhia ao Tiago e voltamos a São João Del Rei.
Pra resumir, o conserto do rolamento da roda traseira foi um dos maiores trabalhos em equipe: O atendente da Honda diagnosticou, mas como não tinham em estoque os rolamentos, comprei uma no Sérgio Motos, a outra na Mafra Motos e o mecânico de lá trocou o que estava estragado. Ficou ótimo. Guardo comigo o outro, só por garantia.
Aprendi mais uma: possívelmente a corrente estava apertada e com o baita esforço nas estradas de terra, quebrou um rolamento. Regular a corrente deve ser feito com o piloto sentado, diz o mecânico.
Voltamos a Tiradentes, arrumamos nossas coisas, lavamos meias, camisas e outros tecidos não tão nobres, mas muito importantes, e só sobrou tempo pra um lanche e dar um alozinho rápido aos amigos, na lã rause, antes de sermos chutados, porque iria fechar.
E boa noite, que o dia foi cheio. De passeios, sustos (ainda bem que só isso) e boas recordações.

sábado, 11 de julho de 2009

Sexta, 10 de julho - São Thomé a Tiradentes - I

4:30: Acordei.
E não é que toda aquela água que tomei na quinta fez efeito?
Bom, já que acordei, vamos ver o nascer do sol, né?
Coloquei toda a roupa possível (o pessoal falou que as madrugadas em São Thomé são muito frias...) e...
O primeiro susto do dia: A porta, além de não estar trancada, estava entreaberta.
Em qualquer lugar, seria apavorante, mas não aqui. Deu pra ver que todo o pessoal que estava na pousada, era boa gente. Veja só o que o cansaço faz com a gente...

Subi a ladeira, já lamentando estar com aquela roupa toda, e cheguei lá em cima suando...
E, de repente, começo a escutar os acordes de "..meu sangue latino...", do Ney Matogrosso.
Cantor desafina, baixista idem, indicando que eles tinham bebido um bocado durante a noite.
Era o bar que tinha próximo ao mirante. O pessoal tava lá, conversando e cantando, com eles.
Se repente, uma moça começou a cantar e um rapaz começou a dançar sozinho, foi até em cima do mirante (100 metros a mais, acima) e voltou.
Ainda dançando...

Me acomodei, já tinha uns 6 lá. Às 5:30 já eram uns 30.
Daí, foi divertido ouvir algumas das frases da noite:
- A formiga só trabalha porque não sabe cantar...
- Santa S. da Nicotina!
- Cara, este cheiro tá uma delícia!
- Daí, vamos lá, ver o pôr-do-sol? (logo após o nascer do sol)
- Pare com este papo de querer pular daqui: você tomando chá de cogumelos e acha que tem asas!

E, na hora que o sol nasceu, um poeta paulista começou a declamar em voz alta os seus versos.
Divertidíssimo!!!
Depois das fotos, filmagens (subo em cima da "pirâmide", começo a girar, filmando a paisagem, e escuto um barulho deslizante - minha agendinha não suportou e pulou da cobertura. E ela nem comeu cogumelos... hahaha...)

Conheço o Devilã e o Elton (telão). "Nativos" muito gente boa.
Devilã (em alto teor amistoso-etílico) me conta que a cidade só é boa pra eles quando tem festa com o pessoal de fora. E os dois caem em si que já são 7 horas e daqui a pouco tem que ir trabalhar na pedreira:
-Cara, viramos a noite! Não dormimos nada! Eu não vou bater pedra hoje, não!
-Mas eu tenho que ir lá - não tem ninguém pra assinar as notas... Vou ver se o fulano pode ir...
Deixei o endereço do blog pro Devilã, junto com o desejo que eles se encontrem na vida.

Voltando pra pousada, depois de mais algumas fotos, 7:45, o segundo susto:
- Cadê a minha carteira? E o meu dinheiro?
Revirei a mochila, o bauleto, e nada...
Bateu o desespero, fiquei imaginando alguém ter entrado no quarto, como eu iria fazer pra voltar pra casa,...
Até que o Tiago falou:
- Olha ali, atrás da cômoda!
Lá estava a bichinha...
Resultado: Mais uma lição de viagem: cuide muito bem dos seus documentos. Eles são vitais!

Saímos de São Thomé, 389 km desde Ubatuba, uma oração no começo da viagem, e pé na estrada! De terra.
Até agora, o Senhor nos deu um tempo ótimo e excelentes momentos.
E, com certeza, tem muito mais guardado pra frente.

Mais 20 km, pegamos à esquerda, em direção a Cruzília, enchemos o tanque e saímos pra Minduri.

Um menino no posto ficou conversando com o Tiago sobre a vontade que ele tinha de ter uma moto. E eu me lembrei da minha Turuninha (125 CC), minha primeira moto, no Rio de Janeiro, e como foi bom deixar de andar de buzão...

[Bom, o cara da Lan House está me chutando agora. hehe... Como ontem. Está fechando. Amanhã continuo. Abraços.]

São Thomé

Tiago:
Bem, como prometido, aí vai meu comentário sobre São Thomé das Letras.

Como é minha primeira postagem, não posso deixar de dizer que a viagem esta sendo ótima.

Nós criamos o blog pra contar um pouco das coisas que vão acontecendo durante os dias, porém é um resumo ‘bem resumido’, hehe..
Porque só estando junto pra ver cada uma que nós passamos hehe...

E uma delas foi a tal da São Tomé das Letras, cidade como diz o Jeferson: ‘Alternativa’.
Bem, chegamos na cidade por uma estrada de chão. 2 km antes de entrar na cidade tinha uma outra estrada que ia pra outro rumo...como o Jeferson comentou, uma comunidade.
A moça disse que nós poderíamos visitar lá, eles tem cursos de magias, ervas, etc, etc....
E que poderíamos nos hospedar lá...
Bem, só de ver o pentagrama no portal já foi suficiente para não querer a tal visita... Muito menos a hospedagem...
Sem falar nas casas de bruxas que tinham no caminho para a comunidade...macabro!!

Chegamos na tal cidade, hippies pra cá e pra lá, lojas místicas para todo lado, até na lanchonete tinha coisas de macumba pra vender. Lojas para bruxas, magos, e por ae vai.

Conhecemos algumas pessoas legais, ‘normais’.
....mas não sei..... a impressão que as outras passaram..... muito estranho!!
Estavamos andando e encontramos um cara de butina, o Jeferson foi falar com ele...Eu pensei, bem, ah esse é peão, deve ser normal........ATE O PEÃO DE LÁ ERA CHAPADO!!!!....
Ficamos muito pouco tempo, tinha muita gente de fora, as quais essas sim pode se chamar de estranhas. Não sei dizer ao certo os nativos, porque aqueles que nós conhecemos eram tranquilos.
Não posso deixar de comentar da hora em que nos passamos por um bar, onde tinha um cara cantando. Uma hora antes de cantar ele disse assim:
- Agora vou cantar uma música de um amigo meu, um mendigo (ele falou a cidade, mas não lembro)... Nada contra um mendigo fazer músicas, mas que é estranho, é.
Outro nos abordou dizendo ser poeta, pedindo ajuda para ele continuar sua viagem... (calcule o pai dum infeliz desse!!! ...o desespero do indivíduo)...
Ele nos deu uma folha com algumas de suas poesias, admito que o piá é bom!!!.....

Bom, essa foi nossa passagem por São Tomé das Letras.
Bem, pelo menos alguns dos acontecimentos hehe.....

Abraço, até, Tiago

sexta-feira, 10 de julho de 2009

No post today

Jeferson:
Amigos,
hoje não colocarei nenhum post, apenas este pequeno.
Amanhã contarei como saimos de São Thomé até chegarmos a Tiradentes.
Abraço.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Quinta-feira, 09.07.09 - Guaratinguetá a São Thomé das Letras

Texto do Jeferson.

Hoje o dia rendeu!
Estava meio chateado porque fizemos baixa quilometragem ontem, mas hoje, pegando o asfalto conseguimos andar mais.
Saímos 6h30 do Hotel Paturi e seguimos pra Cruzeiro.
(Comentário: Muito bom o atendimento do Hotel. Estou sendo muito bem tratado até agora em todas as paradas. Mas ainda permanece invicto o colchão de molas em Ilhabela. Tiago concorda.
O impressionante é que o trânsito na Dutra não para um só momento durante toda a madrugada. às vezes eu acordava e lá estava aquele ruído de fundo dos caminhões.)
Quando saímos da Dutra em direção a Cruzeiro, pudemos relaxar um pouco e admirar a paisagem.

Daí aconteceu o que todo piloto tem medo que aconteça, o motor da XLX começou a ratear e perder um pouco de potência. Mas nada que atrapalhasse a andada. Mas a gente já começa a ficar cabreiro, esperando o pior.
Na parada, comentei com o Tiago da perda de potência da moto e ele falou que estava acontecendo o mesmo com a XTZ. Matamos a charada na hora: gasolina batizada.
Além de tirarem uma na cara da gente com o lance do hotel, ainda venderam gasolina adulterada. Abastecer no km 60 da Dutra, em Guaratinguetá, nunca mais!
E ainda vou fazer a maior campanha contra...
Em São Lourenço completamos com gasolina de octanagem maior e o rendimento melhorou.
Uma serrinha puxada à frente, muito frio no alto da serra, divisa São Paulo-Minas.
Daí é só descer e curtir a viagem...
Alegria ao descobrir os marcos da Estrada Real, sempre com um texto legal, além da posição global. O Instituto Estrada Real fez um excelente trabalho.

São Lourenço: Tivemos o prazer de falar com o soldado Cleyton, logo na entrada da cidade. Imagina, o cara também é motoqueiro (Falcon, Adriano...) e deu as melhores dicas do passeio à frente. Melhor que o esperado.
Como tínhamos sujado muito com terra as correntes no dia anterior, e o meu pisca começou a ter fibrilações neuróticas (sabe quando a pálpebra fica tremendo quando você está nervoso? Bem assim...), passei da revenda Honda, a Giomoto, e fui super bem atendido pelo Caique. Assim a gente fica mais confiante em pegar a estrada.
Tiago que tinha passado graxa na corrente, de repente se deu conta da besteira que fez e levou a XTZ na Yamaha, onde limparam e lubrificaram a "nega".
Aliás, gostei muito do povo de São Lourenço. Desde o rapaz do posto que lavou a craca das correntes das motos, ao pessoal do restaurante Qui Beleza (recomendo), às informações da rua, todos muito simpáticos. Será que tive sorte na amostragem? Não creio.

Uma passadinha no Parque das Águas, um lugar muito bonito, bem conservado. Um excelente lugar pra você curtir uma grande paixão. Vale sugestão pra lua-de-mel. Esqueça praia.
Imagine só: nós de roupa de viagem, com aquele calorão. A melhor coisa foi sentar na pedra que servia de banco, na fonte...
Eu até gostei do gosto das águas alcalinas e ferruginosas e gostaria de voltar pra fazer um tratamento hidroterápico completo, mas fica pra outra oportunidade. Um sonho de cada vez, né?

De novo, estrada, rumo a Caxambu. Parque da águas menor que o de São Lourenço, mas com 12 fontes, cada uma com aplicação diferente. Numa, a mulher que enchia as 5 garrafas a que tinha direito por visita, disse que a três meses fazia tratamento pro fígado e vesícula e tinha melhorado muito.
- "Cura até hepatite esta água! Eu estava amarela e agora estou bem...", dizia ela.

Interessante a fonte Dom Pedro, a de água sulfurosa e naturalmente gasosa. Lógico que tem uma imensa coroa enfeitando a fonte...
Mais algumas fotos, pegar uma caneca plástica em substituição àquela que achou o seu dono em Ilhabela, e mais estrada. Rumo a Cruzília, pra daí ir pra São Thomé, a "capital mística e energética de Minas"...

Estávamos no meio do caminho, quando, de repente, uma plaquinha, indicando à esquerda: "São Thomé das Letras". Opa! Parece que tem um atalho aqui... Se for, a gente corta um bom pedaço.
Perguntamos ao pessoal que mora perto e confirmaram: "Vai pra São Thomé, sim."
Legal! Vamos lá!

E, de repente, não mais que de repente, o que a gente viu na beira da estrada?
Um marco da Estrada Real! E outro, e mais outro...
Fomos pegar um atalho e, sem querer, achamos o trecho da antiga Estrada que ia pra Cruzília.
Foi muito legal...
Mais algumas fotos, e pé na estrada! (Aliás, o Tiago está fazendo um curso intensivo de fotografia...)
De vez em quando eu ia na frente, noutra o Tiago ia atrás...
Até que eu percebi a maldade e pedi pra ele ir à frente.

De repente, os marcos foram numa variante pra direita enquanto a estrada pricipal ia pra esquerda. E nenhuma indicação segura de qual seguir para chegar em São Thomé.
Na dúvida, resolvi (não sem protestos do Tiago) ir pra direita, acompanhando os marcos.
Dois quilômetros à frente, um tratorista disse que a estrada pra São Thomé era a outra.
Culpa do Tiago que não me convenceu! huahuahua...

Passamos em frente à entrada da "Fundação Harmonia de Artes e Conhecimentos Transcendentais", que forma um conjunto de edificações bastante curioso e destacado na paisagem. Curiosos, paramos. A atendente nos explicou que era uma comunidade que seguia "o melhor de todas as doutrinas e religiões" (aliás, expressão muito utilizada hoje quando querem tornar sua religião anti-cristã atraente aos cristãos,,,), e que eles davam cursos de magia, ervas, auto-conhecimento, e ofereciam pouso.
Educadamente recusamos e continuamos pra São Thomé.

O interessante é que perguntamos pro atendente do bar que dava vista pra dita Fundação o que era aquilo e ele disse:
- Cara, estou aqui há nove anos e só sei o nome. Não sei mais nada deles...
Em dez minutos eu já sabia sobre a Fundação mais do que ele em nove anos...

Procuramos o Hotel que o soldado Cleyton indicou e ninguém conhecia. Ainda bem que nos indicaram um lugar legal (Pousada São Tomé) e já nos instalamos.
Com direito a uma vista privilegiada e ao pôr-de-sol sem nenhum adicional.
Mas, "café só depois das oito!..."
Foi água fria no nosso plano de sair de novo às 6h30. Gostamos deste horário de saída, porque de manhã é mais fresco e a viagem rende mais.

Visita ao mirante, ver a distância a pirâmide (ou algo que lembre uma), descemos, tomamos banho (delícia!), saímos pra fazer um lanche, duas camisetas (o dia em que o Jefo, aqui, voltar de viagem sem uma camiseta nova é porque está doente...), na farmácia comprar Hipoglós (dia inteiro sentado, suando às bicas,... não podia dar outra: assaduras... hahaha...), um açaí de sobremesa.
Estamos planejando ir ver o nascer do sol no mirante, amanhã.
Será que conseguiremos? Tchã, tchã, tchã, tchã...

O que eu mais gostei da cidade?
Um grande afloramento de rocha no alto da cidade, com uma gruta, que a prefeitura transformou em ponto turistico. Neste, e em outros pontos, placas indicativas e explicativas. Ponto pra eles!
O Tiago dará sua opinião sobre São Tomé amanhã. Depois que estiver bem longe daqui... hahaha...
Pena que não tivemos tempo pra conhecer os arredores. Dizem que existem muitas grutas e cachoeiras.
Mais um lugar pra voltar com mais tempo no futuro...
Talvez com um de vocês.
Até amanhã, amigos.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Quarta, 08.07.09 - Ubatuba a Guaratinguetá (de moto)

Bom agora que o Tiago já falou com a Nataly no MSN, posso contar o que aconteceu hoje.

Hoje, quarta, acordamos às 8. Mas pá-da-qui, pá-da-li, café, arruma roupa, separa o que vai na moto e o que fica na Blazer, em Ubatuba, tira moto da carreta, mais um pouco de prosa com Mike, Ana e Edu (corrigindo: é “Trilha Verde”, no singular), só conseguimos sair às 11.
Por falar em carreta, aprenda de uma vez por todas: pra tirar a moto a carreta tem que estar presa no carro... Senão é só apuro... E, de sobra, um corte no polegar.

E fomos lá pelo caminho alternativo, pela estradinha “histórica, com visual incrível” que o Mike indicou. Tudo bem, o visual foi ótimo, mas conseguimos fazer só 112 km em 4 horas e meia e viagem. Tinha de tudo: areião, buraqueira, boi na estrada, cachorro avançando...
A corrente do Tiago esticou meio metro...
O resultado é que só chegamos em Cunha, meio caminho entre Parati e Guaratinguetá às 16h30. Só tínhamos mais uma hora de dia. Como o nosso destino final planejado era Visconde de Mauá, dois trechos a mais do que tínhamos feito, mudamos de plano e pegamos a estrada asfaltada até Guaratinguetá. Foi a melhor decisão.
Impressionante é o que a gente sente que voltou no tempo ao ir pro interior, nestas estradinhas. O pessoal conversa, acena, dá informações... Mas é só olhar pro céu e a gente vê um rastro de avião, lembrando que o mundo continua rodando, lá fora...

Legal também foi parar pra ver uma fazenda com casarão enorme, moinho despencando (tirei fotos, sim), senzala feita de barro amassado. Conversando com o caseiro, descobri que ele morou vários anos em Arapoti e na minha cidade Natal, Wenceslau Brás. Depois foi pra Mato Grosso e conseguiu emprego cuidando desta fazenda em ruínas. Ele conta que os vizinhos o alertavam que o casarão era mal-assombrado. Ele disse que as assombrações eram os vizinhos, que tinham levado 27 reses...
- O que uma assombração vai querer com gado? Não tem assombração que chegue perto depois que eu comecei as uns tiros de espingarda quando ouvia barulho...
É, vizinhos bons estão aí, em qualquer parte...
Curiosidade: No portal do casarão, as letras: JDC. José de Castro. 1861. Alguém de vocês conhece o José, lá de Castro?

Interessante foi ver uma placa que dizia mais ou menos assim: Em 19??, nesta várzea, pousou um avião monomotor com defeito, que levava uma bomba com 3 quilos de dinamite para o Rio. O objetivo do piloto era tentar convencer os militares a aderirem à revolução. Este piloto criou, mais tarde, o Correio Aéreo Nacional.
Em breve com texto completo e correto.

Ao chegar em Guaratinguetá, fomos procurar um lugar pra ficar.
E pra quem a gente pergunta primeiro? Pro frentista do posto, claro!
E frentista tem curso e preparo pra serviço de informações? Então porque a gente pergunta?
Resultado: o negão indicou o Hotel 231, alguns metros atrás.
“Não vai naquele outro, não, que é muito caro. Vai neste que você vai gostar...”
Chegamos lá e já achamos a fachada meio esquisita: muros altos, corredor, atendente na frente, quartos com espaço pra guardar o carro na frente... Enfim, já que estamos aqui, não custa ver...

-Quanto é o quarto por uma noite?
- R$ 46,00.
- Hmm. Bom. E tem um com duas camas de solteiro?
- Só tem com cama de casal...
- [Ih!!! ] Mas dá pra colocar uma cama ou colchão a mais?
- Dá, sim. Ô Carlão! Põe um colchonete a mais pro homem!
- Posso dar uma olhada no quarto?
- Pode sim, é o 81, última rua, à direita.

Chegamos lá pra dar uma conferida.
Gente, muito estranho! espelhos na parede, uma baita cama no meio do quarto, lençóis de cetim artisticamente arrumados, cores fortes, som e TV, “acessórios especiais” perto da cama...
Olhamos um pro outro e, quase ao mesmo tempo, falamos: Não vai dar! Vamos embora daqui. Correndo! Hahahaha...
Fico só imaginando o negão rindo de nós pela peça que pregou. Safado!
Só de imaginar de dormir naquele quarto rodeado de um monte de outros quartos com casais nas mais claras intenções “intelectuais e espirituais”, já deu um mal estar enorme...
Fora que a trilha sonora da noite ia lembrar Michael: “Thriller!...” Hahahaha...

Tiago foi regular a corrente da moto e, depois, o mecânico que emprestou a chave indicou um barzinho pra gente jantar.
- A gente só almoça aí. Os motoristas dos caminhões também. A comida é melhor que no restaurante do posto.
Então, tá, né? Se você garante, vamos experimentar.
E sabe que a comida até tava boa? Se tivesse um pouco menos de 50% de óleo em tudo, até ficava melhor... E no bife frito, no ovo frito e nas fritas (claro!), a percentagem era maior...
Ainda bem que o tomate, o alface e o arroz não eram fritos. Tomara que a madrugada seja amena...
Que o fígado e estômago não entrem em discussões ácidas...
- Oi, eu sou o seu estômago!
- “Cala a boca, estômago”, diz o fígado! “Já estou prejudicado e você não para quieto!”
- Eu falo, sim! Falo quando quiser! Oi, cérebro: que tal um sal de fruta e um passeio de moto?
- Eu só quero dormir! Não agüento mais! Fiquei ativo o dia inteiro calculando rotas, prevendo e evitando perigos,... Fica quieto, ô meu!
- “E nem pense em mandar a gente sentar de novo na magrela, agora, cérebro! Eu não agüento mais!”, diz o assento!...
E durma com um barulho desses...

E, por falar nisso, até amanhã.
Amanhã vamos acordar cedo, 5h30, no raiar das 9, e ir em direção a Cruzeiro, São Lourenço, Caxambu e além. Vamos andando, tirando fotos, e parar quando começar a escurecer. Vamos ver aonde isso vai acontecer... Tchã, tchã, tchã,...
Aguardem amanhã...

Terça, 07.07.09 - Ilhabela - Ubatuba

Postagem do Jeferson: (a de ontem também foi)

Ilhabela é muito bonita (já disse isso, né?)
Tirei excelentes fotos (pena que ainda não consigo postá-las. Aguardem...)
Ilhabela foi colonizada pelos portugueses desde 1502. Não é propriamente uma mocinha...

A pousada do Adriano, digo Perequê é muito agradável. Fomos muito bem atendidos.
Saí de lá planejando voltar pra fica uma semana, quando puder.

Depois de um bom papo com o Adriano, trocamos de moto. Ele de XLX 350 preta e eu de KTM 990 laranja. Que delícia! Dá vontade de pegar a estrada com ela.
É o que o Adriano faz. Suas viagens pela América do Sul estão registradas na revista Moto Adventure. Ele é um dos consultores da revista.

Agora, quem ficou bem doido de andar na KTM foi o Tiago.
Quero ver ele voltar a andar na XTZ...

Botamos as motos na carreta, com direito a um pequeno acidente: Adriano acabou de avisar: “Cuidado com o disco do freio, ao pegar na suspensão dianteira da XL” e ele mesmo não bota o dedo lá? Resultado, a moto voltou e mordeu a ponta do dedo dele. Esmagou legal a ponta do dedo. Um pouco mais e tinha cortado fora. Foi realmente uma pena.

Pegamos a balsa de novo e rumamos para Caraguatatuba, na direção de Ubatuba.
Algumas peripécias depois (nos perdemos na cidade, sacoalhamos as motos em uma depressões inesperadas,..) e chegamos em Ubatuba, Pousada da Ana Doce. Pessoal muito legal, o Mike e a Ana. (A Ana tinha uma panificadora/doceria em São Sebastião e é expert em doces...).
Tenho que falar da pousada. Muito simpática e charmosa. Aliás, ganhou o título de pousada mais charmosa do litoral norte-paulista em uma reportagem da revista Viagem. Já estive lá 3 vezes, desde 2003.

Interessante que estava conversando com o Mike e outro hóspede, o Edu (Procure Trilhas Verdes, Campinas, no Google) me deu boas dicas de passeios e hospedagem em Tiradentes e Visconde de Mauá. Me indicou, em especial, o povoado de Maromba. Vou tentar chegar até lá.

Uma passadinha em Ubatuba, visitamos o Aquário (legal passar a mão na arraia), fiquei injuriado com umas camisetas simples de manga comprida a R$ 95,00. Bom, deve ter quem pague...
Pães de queijo e doces (com direito a posterior insônia de dor de estomago na madrugada...) e fomos dormir. Ainda em dúvida sobre qual o roteiro devemos fazer. O Mike nos deu a dica de passarmos por umas estradinhas e atravessar a serra nelas. Será que vai dar? O Tiago preferia passar por Parati antes. Agora (quarta) eu vejo que deveria ter escutado ele...
Até amanhã.

Segunda-feira, 06.07.09

Botamos as motos na carreta do Paulo, engatamos na Blazer e caímos na estrada, rumo a Curitiba (7h30).

Depois de rodar o dia inteiro, chegamos São Sebastião à noitinha, com direito a ver a panificadora do Manolo e um espetacular pôr-de-sol (aguardem fotos.).

Atravessamos de balsa pra Ilhabela, nos instalamos na Pousada Perequê, demos uma volta na Vila, de moto.
Delícia de clima. Uma boa opção pra morar...
Como está acontecendo o campeonato anual de vela (um esporte só pra pobres...). A cidade está cheia.

Recepção do Yacht Club para os participantes da regata. Belos produtos de grife Mitsubishi à venda.
-O sr. tem o ingresso especial?
-Não, não tenho. Não vou entrar. Estou só olhando.
-Então tá. Fique à vontade. (Pelo menos o segurança era educado...)

Uma olhadinha nas camionetes Mitsubishi, uma conversa com o Hare Krishna (pra explicar que não podia comprar o livro dele porque não havia lugar na bagagem...), uma Neosaldina pra ajudar na dor-de-cabeça de dormir pouco e viajar o dia todo, e fomos dormir.

Não deu nem pra conversar com o Adriano, um dos donos da pousada, que eu conheci através de uma comunidade de motociclistas do Orkut.

Dormimos espetacularmente bem nos colchões de mola. Delícia! Quando eu for grande eu quero um...

sexta-feira, 3 de julho de 2009


Estrada Real

A Estrada Real começou a ser construída no século 17, para escoar o ouro de Villa Rica (atual Ouro Preto) a Parati. No século seguinte, com a descoberta de diamantes na região do Serro, surgiu outra perna, de Diamantina até o Rio de Janeiro. Este roteiro cobre um trecho de 246 quilômetros (sem pedágios) do chamado Caminho Velho, de Cruzeiro a Tiradentes. O ponto de partida é o quilômetro 213 da Dutra, na entrada para Cruzeiro. Siga pela SP-052 até Passa Quatro, a primeira cidade mineira do trajeto, encravada na Serra da Mantiqueira. Após passar por Itanhandu, a estrada torna-se sinuosa. Vá pela BR-354, passando por Pouso Alto, até chegar em Caxambu. Estacione sua moto e visite o maior complexo hidromineral do mundo, com 12 fontes de água mineral com propriedades diferentes. Seis quilômetros à frente está Baependi, cidade com belas cachoeiras, de acesso razoavelmente difícil. Pegue a rodovia Antônio Magalhães Júnior (BR-383) à esquerda em direção a Cruzília - de onde sai a precária estradinha de terra para São Tomé das Letras, boa para o motociclista aventureiro - e Minduri. Em Minduri, você tem duas escolhas: pegar à esquerda no percurso de terra (em bom estado) para Carrancas, onde encontrará as mais belas cachoeiras da região; ou seguir em frente para São Vicente de Minas, onde o caminho é asfaltado. Se preferir, vá pelo primeiro enquanto está claro e volte pelo trajeto mais fácil quando escurecer (ou no dia seguinte). Qualquer opção desembocará na histórica São João del Rei, já na BR-265. Dê um passeio pelo centro histórico, principalmente na belíssima Igreja de São Francisco, antes de seguir para o destino final, Tiradentes. Não deixe de visitar a rica Igreja Matriz de Santo Antônio e comer em alguns dos melhores restaurantes de Minas Gerais.

http://viajeaqui.abril.com.br/indices/conteudo/sugestoes/motos/estradareal_mg.shtml